Abri a janela do quarto, ainda estava escuro e consegui apanhar de fugida um raio de lua. Mesmo em jeito de despedida.

Fiquei um instante à espera que o sol se decidisse a acordar. Apetecia-me um bom dia em forma de bola gigante…

Mas não tive sorte. Fechei a janela com som de desconsolo.

 Tratei de me arranjar e acordar os meus filhos (o mais novo não foi preciso, pois já gritava o seu habitual e madrugador “MÃÃÃÃEEE”) e mantive sempre o olho estendido para a rua, não fosse o sol traiçoeiro fugir de mim.

Vim cá fora pôr o carro a trabalhar para ir aquecendo (que estúpida fui em não querer o ar condicionado!), e dei uma volta pelo jardim para ver se estava tudo bem.

E de sol, nada. Arrepiei-me de frio, mais frio cá dentro do que fora, e desisti.

Meti a filharada no carro, as mochilas, o almoço do mais novo, a minha mala-baú, olhei para o relógio que nunca tem piedade de mim, e suspirei. Quando me ía sentar para arrancar, olhei em frente e algo me despertou a atenção.

 Saí do carro, sob os protestos dos filhos sobre o horário de entrada nas respectivas escolas, e dei a volta à casa de novo.

E ao virar uma das esquinas, deparei-me com as minhas roseiras cheiinhas de flores! Estavam secas há tanto tempo, que me tinha esquecido delas. Pensei até em cortá-las.

 Mas aí estavam. Carregadas de rosas, umas em botão e outras já desabrochadas. À minha espera.

 Debrucei-me sobre uma para a cheirar e ouvi um sussurro: “O sol não pode vir, mas mandou-nos em seu lugar para te dar um bom dia em forma de pétala gigante…”

 E eu percebi. Que nem sempre temos o que queremos. Mas existe sempre algo para nos compensar, vindo de onde nem sequer imaginávamos….