Dias cinzentos acalmam tontices e rubores e tremores e problemas existenciais...
Fica só uma moleza de alma...
Beijo para todos que têm - ainda - a paciencia de me aturarem....
Acho que acontece um pouco a todos nós...
A mim, com maior frequência do que devia.
Gostava de ser pássaro, para poder voar por aí.
Gostava de ser livre.
Com aquela liberdade insana, que é impossivel de ter, que nunca temos, desde que nascemos, até que morremos.
Por isso, talvez sendo pássaro??
Não sei...
Deve ser da medicação que ando a tomar, mas só me apetece voar.
Pôr uma mochila às costas e partir, ir por esse mundo fora, ver tudo aquilo que sei que nunca verei.
Regressei à adolescencia, já vi.
Estou mais embirrenta e com mau feito do que a minha filha de 15 anos.
Será o meu cerebro a adaptar-se à minha imagem?
Ou será apenas a minha eterna e malfadada insatisfação com a vida?
Já percebi que nunca terei Paz.
E o pior é que atribulo a vida dos me rodeiam com os meus achaques interiores.
Torno-me irascivel, insuportável, fecho-me a mil chaves e só tenho vontade de gritar ao mundo DEIXEM-ME EM PAZ!
Até as tarefas e as conversas mais banais são um tormento.
Só posso considerar, no meio de isto tudo, que não cresci.
Mantenho uma imaturidade bem maior do que a do meu filho de 3 anos.
E ando a competir com ele em termos de birras...
Um dia destes, a continuar assim, chego a casa, e tenho as malitas à porta.
Talvez não fosse má ideia.
Para eu perceber que para me encontrar não preciso de estar sozinha, que o mundo lá fora é bem cão.
Coisas que eu já devia saber, não é?
Mas voltei atrás no tempo.
Tenho de novo 15 anos e sinto-me agrilhoada.
Sinto que o mundo está à minha espera.
Para eu fazer o inter-rail que sempre sonhei e nunca calhou.
QUERO A MINHA BARRIGA DE VOLTA!
Quero sentir-me kota outra vez!
Alguém me mete juizo na cabeça, por favor???
Lá começou o Coiso...
Vai ser, dia após dia, só Coiso...
Tudo entusiasmado, não se fala de outra coisa, tudo a correr para não perder pitada, luso nacionalismo ao peito, os chineses todos felizes com a venda das bandeiras, algumas mal feitas, os cafés apinhados de gente para partilharem as emoções do Coiso..
UMA SECA!
Perdoem-me.
Sou muito patriota.
MAS ODEIO FUTEBOL!!!
Este ano, meus amigos, tem sido muito estranho para mim.
Não me posso queixar de rotina.
(ENA!!SERÁ QUE ELA NÃO SE VEM QUEIXAR?????)
Aconteceram coisas novas, umas boas outras menos boas, que estão a transformar 2006 num ano de Renascimento.
Algumas coisas vocês sabem…
A minha transformação física, o ter encontrado a minha mãe e a minha irmã (apesar de elas não quererem nada comigo), o espectro do despedimento do meu marido, a entrada de uma colega nova de trabalho e a possível saída daquela que me acompanha há 18 anos, novos patrões, um salto tremendo no desenvolvimento físico e emocional dos meus 3 filhos (pois… passaram a ser pessoas e não só meus filhos…), novas amizades que cruzaram o meu caminho e eu espero durem o resto da minha vida (Coralinha, esta é para ti), o aprofundar de amizades que andavam apenas no limbo do mero convívio…
Apesar de andar meio distante da net, consegui também perceber quais de vocês me oferecem um sincero ombro amigo, com que sei que posso contar, aconteça o que acontecer..
Ou seja, saíram do ecran para a vida real, mesmo que nunca nos tenhamos sequer visto face-to-face.
Tenho observado bastante também tudo o que se passa à minha volta, e cada vez e convenço mesmo que a Lei da Vida é igual para todos.
Não há fuga possível.
Vivemos agrilhoados a obrigações. A caminhos que nos foram traçados e dos quais não podemos fugir, mesmo que nos rebelemos e tenhamos vontade de rebentar em lágrimas de revolta!
Cabe aqui todo um mundo de tretas que temos de fazer mesmo que não nos apeteça, pois disso depende a nossa sobrevivência. A nossa e a dos nossos.
Não sei se existe no Mundo alguém que se sinta totalmente Livre.
Será?
Mesmo um nómada ou um indígena de um país ainda em estado “natural” tem as suas obrigações, decorrentes das suas necessidades, por mais básicas que sejam…
Apenas no Sonho somos Livres!
Aí não há contas para pagar, justificações a dar, nada tem de ter sentido, apenas a nossa vontade corre louca e até absurda por todos os cantos do imaginário.
O pior é o embate com a realidade.
Mas também, já somos crescidinhos, não?
Infelizmente somos crescidinhos!
Cada um de nós teve de crescer ao ritmo que lhe foi imposto.
Eu cresci rápido demais.
Por isso ainda mantenho algumas características (ia chamar-lhe defeitos, mas já não têm cura…), infantis, que atribulam um pouco minha vida e dos que me rodeiam…
Sou caprichosa, de uma teimosia atroz, hiper-sensivel, faço beicinho e amuo com uma facilidade estrondosa, tudo funciona a 8 ou 80, e a qualquer sinal negativo, penso logo que não gostam de mim, que não me querem, que estou a mais…
Exactamente como acontecia no recreio….
Quando me empurravam do jogo do elástico e me chamavam caixa-de-óculos, ou ouvia os professores a bichanar na sala que a “miúda é mesmo esquisita, deve ser de não ter pai…”
Criei tal defesas que, quando fui para a escola preparatória, resolvia todo à pancada, e rapidamente me tornei a líder lá do sitio!
O respeitinho é bonito e eu gosto.
Defesas..
As defesas que a Vida nos levar erguer.
Uma vida inteira a erguê-las arduamente.
E quando há momentos em que elas caem a um sopro de vento, hem?
Lá ficamos de novo no recreio, prontos a dar ou a levar pancada.
Felizmente são poucos esses momentos.
Andamos ocupados demais a cumprir as nossas obrigações.
Como agora.
Apetecia-me continuar aqui a escrever disparates, mas tenho de ir fazer o almoço.
Vingança do chinês? É tudo corrido a peixe cozido!
Ehehehheheheh….
Acabo sempre, ao minimo sopro de nada, por me sentir a mais.
Um fardo na vida das pessoas.
Uma coisa que não é necessária.
Uma obrigação que começa por ter alguma graça, mas depois se torna pesada.
Um exagero de emoções.
Uma parvoíce.
Merda para isto!
Estou mesmo a precisar de férias...
.....................
parece que ainda não é hoje....
Há por vezes momentos ou acontecimentos catalisadores.
Que nos lançam em balanços e flash-backs de uma vida inteira.
Num segundo, ou pouco mais, passa tudo pela mente e, pior, pelo coração.
Mas não os bons momentos.
Esses devem estar guardados noutro departamento qualquer mais inacessível ou de password mais complicada para uma memória cansada.
São os maus momentos que vulcanizam.
Implodem.
Trazendo cada amargo de boca, cada vazio de olhar, cada maquinismo de acção.
Passa a vidinha toda pela frente.
Como se estivéssemos à porta do outro lado.
O balanço é sempre trágico.
Porque nos permitimos sentir assim.
Pegamos até nas verdadeiras tragédias dos outros, e por auto comiseração, choramos todas as nossas.
Verdadeiras ou exageradas.
Hoje, doem-me todas as minhas frustrações.
Todas as culpas.
Tudo o que deixei por fazer.
O que é isso perante uma verdadeira tragédia como perder um filho?
NADA!
E então, sinto-me repugnante na minha pequenez de espírito.
Na minha vidinha medíocre.
Nos meus sonhos estapafúrdios.
Devia estar de joelhos a dar graças.
E estou aqui, a pegar numa dor que não conheço, para justificar as que me atormentam.
Para as deixar tomar conta de mim.
Para poder permitir sentir-me pequena e ter direito a pedir colo.
E a recusa-lo.
Porque já sou grande.
Já não tenho idade para estas coisas.
Tenho inveja daqueles que vivem mansamente toda uma existência.
Sem grandes sobressaltos interiores.
Sem duvidas existenciais ou filosóficas.
Tenho muita inveja.
É só mais uma constatação de um defeito como outro qualquer.
Porque hoje, queria ser qualquer um, menos eu.
Com excepção dos pais da Laurinha, e de todos os pais que perdem filhos.
Porque essa é a dor maior.
Não existe dor maior.
E aqui assumo o meu pânico.
O meu terror.
De um dia a ter de sentir.
Meus amigos, depois da Bébé da ActiveStress, foi a vez da Menina da Mamããã ter falecido..
Estou estarrecida, sem palavras.
Passem por lá, se puderem.
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