E se eu conseguisse subir ao cume mais alto?
E se eu, de alguma forma impensável e impossível, conseguisse chegar ao topo do mundo?
Será que alguém ouvia?
Um grito.
Apenas um.
Que me rasgasse a garganta e aliviasse o peito.
Sem razão, sem efeito, sem causa nem consequência.
Apenas um grito.
Uma descarga final de angustias, mágoas, abandonos, parvoíces, dores, desalentos…
Gritar tudo de uma vez.
E regressar ao comum dos mortais, em paz.
Serena. Plena.
Sem rancores inconfessáveis, marcas a ferro e fogo, medos quiçá infundados..
Pode ser que…
Quando chegar a minha hora, em estado de elevação final, a caminho do céu ou do inferno, eu consiga dar esse grito.
Nem é preciso.
Que alguém o oiça.