Porque viver, sobrevivendo, é uma questão de simplicidade...
Sábado, 11 de Dezembro de 2004
O jantar

Sou tão boazinha!! Que não quis fazer-vos esperar por segunda feira, para vos contar como correu o jantar da Confraria das Doidas…


 Começo por dizer que, como eu esperava, era a mais velha e a mais gordinha do grupo. TUDO BEM! Não teve qualquer importância, nem me senti deslocada. Pelo contrário, fiquei a saber – eu já desconfiava – que a aparência das pessoas não tem qualquer importância para se gostar, ou não, delas.


 Esta é uma verdade que eu já devia ter como minha, mas só agora a aceitei. Não estamos sempre a aprender? Vi-me integrada num grupo de “top-models” e isso deixou-me muito feliz, e não como um peixe fora de água como eu tinha medo (estou quase a arranjar coragem para me olhar no espelho!).


 Como eu tive ocasião de falar no jantar, e isto é um aparte, quando se passa toda a infância e a adolescência-juventude a ouvir dizer pela boca da pessoa que nos cria que somos feias (a frase preferida era qualquer coisa como: “ai filha, coitadinha, és mesmo desengraçada!”) a coisa cola e convence-nos. Deixamos de ter cuidado com a aparência porque sentimos que não adianta, entramos numa de destruição da auto-estima, engordamos uns quilos sem dar conta, e corremos o risco de ficar mesmo “feias”.


 Continuando…


A 1ª pessoa que conheci, coitadinha estava há que tempos nas traseiras da Câmara Municipal à espera, foi a Musa6 (souassim.blogspot.com). Caímos nos braços uma da outra (olha lá a má intenção que as palavras podem conter) e desatámos a conversar de tudo e mais alguma coisa, enquanto íamos andando até à rotunda para ir buscar a Aragana.


A Musa6, meus amigos é uma cachopa bem bonita (nada de entusiasmos que ela vai casar em Setembro!), alta e loira, com os olhos vivos, meiguinha, inteligente e de conversa fácil e interessante. Adorei conhecê-la “ao vivo” e tive a sorte de ficar sentada ao pé dela durante o jantar, para o qual ela se deslocou uns bons kms com a maior boa vontade.


 Infelizmente, soube hoje que o seu pai teve um enfarte quando ela chegou a casa de madrugada, está hospitalizado, mas tenho fé que tudo corra bem e ele se recupere. FORÇA MIUDA! Acendi a vela que me ofereceste junto ao presépio para pedir protecção e força para ti e para o teu pai..


 Continuando..


 Vocês já sabem que a Aragana é uma mulher linda de morrer, não vale a pena estar a repetir-me. Mas uma faceta que não conhecia ainda é que ela é uma EXCELENTE companhia! Engraçada, bem disposta, discurso certeiro e fluente. E conduz que nem uma maluca! Foi ela que levou o meu carro até Oeiras e trouxe, (QUE BOM TER MOTORISTA ASSIM!) porque se fosse eu a conduzir, nunca mais lá chegávamos!


O restaurante – Windclub – é muito giro, tanto em si como no exterior, e a comida não estava má. Ou melhor, estava boa, mas comi pouco porque estava mais ocupada a dar ao dente a falar do que a comer!


E chega a vez da nossa “host” a Inconfidente.


 BEM… Nem sei o que vos diga!


 É uma força da natureza! Alta, magra, vestida nos “trinques”, um cabelo lindíssimo, olhos expressivos, simpática e calorosa, é daquelas pessoas que nos fazem sentir “em casa”, verdadeiramente interessada naquilo que dizemos e com resposta sempre pronta na pontinha da língua!


 Gostei muito de todas as outras “doidas”, mas quero deixar um abraço especial para a irmã da Inconfidente, que me impressionou bastante. A chavala tem 30 anos, parece ter quinze, e é das pessoas mais expressivas e engraçadas que conheci até hoje. Infelizmente estava com uma crise de coluna (wellcome to the club), espero que melhore rapidamente, mas isso em nada afectou a sua boa disposição!


E, minha querida Elsinha (não me ía esquecer de ti), o beijo que mandaste para o meu marido foi entregue, é claro que ele se lembra de ti!


 Eu sei que me estou a alongar, portanto e resumindo, jantámos, trocámos as prendinhas, contámos anedotas, falámos de tudo e mais alguma coisa (Homens incluídos), bebemos um copo a seguir, e marcámos o próximo jantar.


AI POIS É! Estes jantarinhos de gajas-doidas acontecem uma vez por mês, e dia 28 de Janeiro lá estarei nem que a barraca abane! Todos os meses se vai a um sitio diferente e é uma tradição que vou fazer minha!


Isto se o marido e os filhos continuarem a colaborar, porque foram porreirinhos para mim e fizeram com que tudo corresse bem em casa enquanto estive ausente.


 O facto do bebé ter estado a gritar por mim até às duas da matina, não interessa nada!


 E a hora que cheguei a casa também não interessa nada, até porque ninguém se deu conta, o que foi muito bom! Entrei de fininho, tipo adolescente que saiu de cada sem a autorização dos pais, despi-me sem fazer barulho e enfiei-me na cama a correr, para ter que me levantar POUCAS horas depois, porque o relógio biológico do meu bebé não se condói com saídas de mãe…


E vocês não sejam invejosos, e isto é importante esclarecer, estes jantares não são de blogueiros, são de um grupo de amigas que vai crescendo. E o facto de terem participado blogueiras, prova que a AMIZADE pode mesmo saltar do ecran para a vida.


 GRAÇAS A DEUS!



publicado por Fernanda às 21:01
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Sexta-feira, 10 de Dezembro de 2004
É HOJE! É HOJE!

É hoje o jantar da Confraria das Doidas, para onde eu fui convidada pela primeira vez…


É HOJE!!! HOJE ! HOJE! VOU SAIR!!! VOU JANTAR FORA!!


E depois, se não cair para o lado de cansaço lá para a meia noite, quem sabe, até vou PRA NIGHT!!! Que emoção, caraças!!


 Espero que os meus filhotes não chateiem muito a cabeça ao pai, que o bébé se porte bem e adormeça sem grandes gritarias…


E posso dizer que tenho a companhia de 3 blogueiras do coração: a Aragana, a Inconfidente e a Musa6. EHEHEH! Vai ser tão fixe! Ó pra elas em amena cavaqueira! Um jantarinho só de gajas, com troca de prendinhas e tudo!!


 É claro que o facto de eu levar 6 meses a recuperar da noitada não interessa nada!


Ai… Espero que corra tudo bem.


Nem me interessa qual a ementa! Nem o facto de não conhecer quase ninguém…


Ai… Tou tão feliz que nem me cabe um alfinete no… CORAÇÃO!


BOM FIM DE SEMANA CAMBADA!!!


E deito já o olhinho pró almoço de lançamento do livro escrito a 30 mãos, iniciativa da minha amada Inconformada!


 Eheheh…


Só festas!!



publicado por Fernanda às 10:52
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Quinta-feira, 9 de Dezembro de 2004
Bom dia

Abri a janela do quarto, ainda estava escuro e consegui apanhar de fugida um raio de lua. Mesmo em jeito de despedida.


Fiquei um instante à espera que o sol se decidisse a acordar. Apetecia-me um bom dia em forma de bola gigante…


Mas não tive sorte. Fechei a janela com som de desconsolo.


 Tratei de me arranjar e acordar os meus filhos (o mais novo não foi preciso, pois já gritava o seu habitual e madrugador “MÃÃÃÃEEE”) e mantive sempre o olho estendido para a rua, não fosse o sol traiçoeiro fugir de mim.


Vim cá fora pôr o carro a trabalhar para ir aquecendo (que estúpida fui em não querer o ar condicionado!), e dei uma volta pelo jardim para ver se estava tudo bem.


E de sol, nada. Arrepiei-me de frio, mais frio cá dentro do que fora, e desisti.


Meti a filharada no carro, as mochilas, o almoço do mais novo, a minha mala-baú, olhei para o relógio que nunca tem piedade de mim, e suspirei. Quando me ía sentar para arrancar, olhei em frente e algo me despertou a atenção.


 Saí do carro, sob os protestos dos filhos sobre o horário de entrada nas respectivas escolas, e dei a volta à casa de novo.


E ao virar uma das esquinas, deparei-me com as minhas roseiras cheiinhas de flores! Estavam secas há tanto tempo, que me tinha esquecido delas. Pensei até em cortá-las.


 Mas aí estavam. Carregadas de rosas, umas em botão e outras já desabrochadas. À minha espera.


 Debrucei-me sobre uma para a cheirar e ouvi um sussurro: “O sol não pode vir, mas mandou-nos em seu lugar para te dar um bom dia em forma de pétala gigante…”


 E eu percebi. Que nem sempre temos o que queremos. Mas existe sempre algo para nos compensar, vindo de onde nem sequer imaginávamos….



publicado por Fernanda às 11:47
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Terça-feira, 7 de Dezembro de 2004
OBRIGADO

Não tenho palavras… Não tenho mesmo palavras para vos agradecer a vossa atenção no dia dos meus anos… Por vossa causa, foi melhor dia de anos que tive desde há muito tempo! Senti mesmo que foi o meu dia, e nem me lembrei de quem se esqueceu de mim.


Não sei porquê, mas estou cá desconfiada que os 40 anos me vão correr muito bem! Com um início destes…


 Não contando com os vossos emails, post maravilhosos que me dedicaram nos vossos blogs, palavras deixadas no meu, mensagens para o telemóvel, e palavras amigas no msn, e porque sei que são uns GANDAS CUSCOS, aqui deixo a minha listinha de prendas:


 O meu marido e filhos ofereceram-me a roupinha nova que estreei e uma bateria nova para o meu carro, a outra pifou no dia anterior, e o almoço e jantar (pois, não tive de cozinhar!! Que maravilha!). Os meus sogros deram-me dinheiro, a minha colega uma fatiota linda, as minhas comadres, uma meias pretas de rede (ai,ai…), um conjunto de sais e espuma para os meus banhinhos especiais, um arranjo de flores lindíssimo que já me dói que vá secar. A ama do bébé deu-me um fio de ouro com um coração que uso junto ao peito com emoção e um perfume, as minhas amigas tojaleiras reuniram-se para me oferecer um arranjo de flores espectacular que já está colocado em evidência em minha casa. Tive ainda vários ramos de flores (a florista ganhou o mês à minha pala!), 2 livros que adorei, o meu blog em forma de livro, que adorei ainda mais. E ainda faltam as prendinhas das amigas que só vou ver daqui a um tempinho.


Foi um dia maravilhoso! Às 19 horas já eu estava a miar desgostosa por estar a terminar.. Mas não faz mail. Daqui a um ano há mais! Beijo enorme meu queridos amigos. Ai que vocês estão mesmo a tornar a minha vida cor de rosa…


E já agora, BOM FERIADO!



publicado por Fernanda às 10:49
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Segunda-feira, 6 de Dezembro de 2004
Entas, entas, entas....

Ai…. Nem sei como estou.


Sinto-me num carrossel de feira, daqueles bem barulhentos, em que em cima do meu cavalo de madeira, sentia que o mundo era meu!


Rodopiava, de volta em volta, sentindo o vento na cara e nos cabelos, esticava as pernas em cada curva mais pronunciada, e ria e dizia adeus, como se estivesse num palco só meu…


É assim que me sinto hoje. A dar uma volta especial no carrossel da vida. A dobrar uma curva de olhos postos mais além, sentindo o vento no rosto.


O vento da esperança. O friozinho no estômago que o desconhecido me provoca.


Que virá por aí nos próximos 12 meses? Só Deus o sabe.


 Já não me lembro das resoluções que tomei há um ano atrás. Lembro-me que estava doente, portanto penso que pouco mais decidi do que dar o real valor à saúde.


 Esperanças, tive muitas. Realizadas, algumas. O balanço não é mau… Foi um ano muito cansativo. Muito mesmo… Mudei de casa, o que se revelou uma tarefa de Hércules. O meu bebé passou o ano inteiro a dar-me péssimas noites. Felizmente que já dorme a noite toda! Tive de o desmamar, o que me custou imenso (por minha vontade o rapaz mamava até ir para a tropa, ou mais ainda, se me deixassem lá ir dar-lhe maminha…) Não consegui vencer a batalha contra o excesso de peso, o que me debilitou imenso a auto-estima. Alegrias, tive algumas também, guardadas na memória a caneta de ouro.


Para este novo ano, só desejo…


Hoje posso ser egoísta. Desejo descanso, paz, conforto, saúde. Para mim e para os meus.


 E para todos aqueles que gosto. Para todos vocês. Para o mundo inteiro!


Porque hoje tenho direito de pensar que o mundo é cor-de-rosa. Que posso marcar a diferença e fazer da vida uma coisinha que vale a pena ser gozada.


 Hoje é o dia em que tenho direito a dizer ESTOU AQUI! Obrigado por estarem aqui comigo.



publicado por Fernanda às 07:12
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Sexta-feira, 3 de Dezembro de 2004
Bom fim de semana
Pelo andar da carruagem, já percebi que ainda não é hoje que consigo visitar os vossos blogs.
Pareço uma tonta a ligar e desligar a net, sempre que oiço passos lá dentro, até dou um pulo na cadeira com o susto!
Já fui apanhada algumas vezes nesse liga-desliga, mas o Presidente anda numa de não se chatear a sério, manda apenas bocas foleiras, ao que já estou habituada.
Não que ele tenha razão de queixa, pois o meu trabalho aparece feito, sacrifico sim as minhas horas de almoço.
Aproveito para vos desejar um óptimo fim de semana.
Grande beijo, meus amores e desculpem qualquer coisinha.
Ah, é verdade, o bicho que me visitou hoje (isto para não quebrar a tradição) não foi gaivota, nem formiga, foi mesmo uma hiena.
Ainda a oiço a rir-se de mim, do tamanho do meu ego, do meu umbigo.
Proporcional à pequenez dos meus dias…


publicado por Fernanda às 11:59
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Quinta-feira, 2 de Dezembro de 2004
Feriado...

Ontem que foi feriado, aproveitei para me armar em criança-mulher e fazer umas das coisas inconfessáveis que mais adoro!


É o único encanto que empresto ao Outono, e lança-me na memória de saltos infantis que já passaram, mas que recordo sempre que tenho ocasião. Explicando, adoro montes de folhas secas!


 Que me perdoem os jardineiros e cantoneiros que varrem as ruas e os jardins, mas não resisto a um monte de folhas secas, sem lhe saltar para cima! Adoro o som seco e crepitante das folhas sob os meus saltos..


 Coitadas, já não basta caírem das árvores, ano após ano, ainda têm de levar comigo em cima!


 No entanto, faço-o com cuidado, observando com atenção se debaixo do meu desejo, não se esconde um qualquer bichinho distraído, candidato a esmagamento.


E ontem, antes de dar o tão almejado salto, tive o cuidado de afastar umas folhas com o pé, e deparo com uma laboriosa formiga, de antenas no ar, a olhar para mim…


“Rais parta! Tem sempre que aparecer alguém para me estragar o divertimento!” – vociferei num repente..


 “Olha pra ela! Uma matulona de quase 40 anos que não arranja uma forma inteligente de se divertir…”


 “E qual é o problema de andar a saltar folhas, posso saber?”


“Não me parece muito adequado, nem à tua idade, nem à tua condição de mãe de família!”


 “Não me parece que a opinião de uma simples formiga me interesse…”


“Mas devia interessar! Não te chegam o teu marido e os teus filhos, e a bicharada, e o trabalho e a casa para arrumar, para te ocuparem o tempo?”


“Podem ocupar-me o tempo, mas não deixo de gostar de saltar folhas! Uma coisa não tem nada a ver com a outra!”


 “Só os desocupados, frustrados, ressabiados e gente com más intenções é que andam por aqui a pisar folhas, não sabias?”


 “E és tu detentora da verdade absoluta para ser verdade incontestável o que dizes?


“ “Eu não ando por aí a saltar em cima de gente! Basta-me a minha labuta para me encher as medidas!”


 “Pois é, mas o meu espírito é leve e não se contenta com a rotina do dia a dia , preciso de horizontes mais vastos para me sentir gente…Preciso de falar, de escrever, de comunicar, de saltar folhas! Que mal tem isso?”


 “E não te importas que isso me incomode? Já viste que me podias pisar?”


“Mas não pisei. Este meu gosto não tem nada a ver contigo! Eu sou uma pessoa, sabes, não sou apenas esposa, mãe, mulher… sou uma pessoa, e cada uma tem as suas manias..”


 “ E não sabes que no meu mundo, pisar folhas é um crime?”


“Mas no meu, não é… E agora aconselho-te a afastares-te que vou começar a saltar!”


 “Posso ficar aqui a ver-te nesse disparate?”


 “Claro que podes. E se quiseres, experimenta saltar também! A vida não pode ser só trabalhar…”



publicado por Fernanda às 12:20
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